Considerar as vantagens que a descentralização da Web 3.0 pode trazer

“Considerar as vantagens que a descentralização da Web 3.0 pode trazer (no contexto da discussão sobre os efeitos da descentralização da provisão de serviços de acesso e de valor adicionado). Por exemplo, o impacto no modelo de negócios do provedor de serviços de conexão com o provedor de trânsito, que hoje é baseado na negociação do link, mas que se tornou pesado para o provedor de serviços de conexão, pois o imenso fluxo de dados gerado com o SVA, o forçaria a contratar links de alta capacidade para tratar o streaming de vídeo, por exemplo. Por exemplo: Numa situação distribuída pode ser que ocorra uma diminuição de custo na contratação de links, com adicionamento de pontos de troca de tráfego com o devido balanceamento, sendo este um ponto que pode ser positivo para os provedores de conexão.”
@ Ernesto Marcos Silveira / SCO

O estudo sobre impactos da Web 3.0 no ecossistema de telecomunicações iniciou-se na etapa 1 (vide relatório), por meio da revisão da literatura. As análises compreensivas, no entanto, se darão com os estudos de caso e com a PoC, respectivamente nas etapas 2 e 3.
No modelo de negócio atual, os provedores de acesso contratam enlaces dos provedores de trânsito. Quanto maior o uso de Serviços de Valor Adicionado (SVA), maior deve ser a capacidade dos enlaces, pois os dados são processados e os serviços e aplicações são providos por poucos pontos centralizados na infraestrutura de rede. Espera-se que a nova geração da Web modificará esse modelo de negócio. Na Web 3.0, a quantidade de SVAs tende a aumentar, com o uso de aplicações que demandam alta vazão e baixa latência, como aquelas observadas nas comunicações imersivas, o que acarretaria a demanda por enlaces de trânsito de alta capacidade. Entretanto, a Web 3.0 tem como paradigma a descentralização, em que o tráfego é trocado entre dispositivos e unidades de processamento distribuídos por toda a infraestrutura, e não mais centralizados em poucos pontos. Isso acarreta o aumento na quantidade de pontos de troca de tráfego e diminui a necessidade de enlaces de altíssima capacidade para interconectar a rede dos provedores de acesso aos provedores de trânsito. O uso massivo de computação de borda, computação em névoa e servidores de cache habilita serviços de baixa latência e modifica as relações entre os provedores de acesso e os provedores de trânsito, inclusive dando aos provedores de acesso outras possibilidades de faturar seus serviços, baseados na localização dos dispositivos e nos recursos de processamento e armazenamento que podem ser fornecidos por esses provedores na arquitetura distribuída. Os provedores de trânsito continuam muito importantes, pois pontos de troca de tráfego ainda dependem de um backbone de interconexão, mas os provedores de acesso poderão fornecer muitos serviços sem dependerem inteiramente de enlaces de backhaul de alta capacidade. Por outro lado, a arquitetura distribuída é dependente de algoritmos de balanceamento de carga eficientes, que dependem das capacidades dos enlaces da infraestrutura. As relações entre esses dois tipos de provedores modificam-se e trazem novas possibilidades, especialmente para os provedores de serviços de acesso.